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A CORAGEM E O MEDO

2017/06/15 a 2018/01/14

A força e o peso das imagens do mais recente trabalho de Graça Morais (Vieiro, Trás-os-montes, 1948) residem no modo como explana, através da crueza do desenho e da pintura, a reflexão sobre uma das maiores tragédias humanas do nosso tempo.
Entre o protesto e a repulsa, o terror e a piedade, Graça Morais materializa em cada obra a dimensão de um ciclo dominado pelo medo, a perversão, a violência física e ideológica ou a crueldade, que parecem ter-se instalado nas engrenagens que movem o mundo.
Os seus protagonistas são agora as vítimas mais visíveis desta convulsão global, são os milhares de migrantes a caminho do exílio, são os indignados da miséria urbana, são os refugiados coagidos por forças que não têm como controlar, empurrados para o abismo, fugindo da pobreza, da repressão das guerras, da violência e da morte; homens, mulheres e crianças que tudo arriscam, inclusive a própria vida, na utopia de um destino melhor, mesmo que incerto.
As imagens de referência são reais, são as mesmas que diariamente nos assomam da televisão, dos jornais ou das redes sociais e nos dão conta desta incontrolada catástrofe humana em que parece mergulhado, sem culpados visíveis e sem rosto, o mundo contemporâneo. Sem perder o encadeamento e as referências habituais com o seu trabalho anterior, antes se cruzando com ele, as distintas questões da desumanização que aqui apresenta conferem-lhe uma atualidade impressionante.
No entanto, no meio da tragédia e do caos, Graça Morais encontra alento e compaixão. Ao fatalismo das figuras e aos cenários apocalípticos contrapõe figuras heroicas, imagens de grande complacência, de esperança, visíveis na sucessão de metamorfoseadas Pietàs que, num ato de profunda abnegação, resgatam o outro da morte.
Mais do que em qualquer outra série anterior, este conjunto de trabalhos ressalta, no contexto da vasta obra de Graça Morais, como um gesto cívico, incisivo, e até de protesto, na firme recusa de uma dimensão da humanidade que pensávamos ter ficado no passado.

Curadoria: Jorge da Costa
Produção: Município de Bragança / Centro de Arte Contemporânea Graça Morais

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