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SEGREDOS

PINTURA E DESENHO – 2008

2009/03/14 a 2009/06/25

 

O registo diarístico, onde a palavra ganha a mesma dimensão da pintura, confere ao mais recente trabalho de Graça Morais um carácter profundamente intimista. A habitual cosmologia de referência, adstrita à condição humana de um universo antigo e vincadamente rural, é agora reinterpretada a partir de alusões à escala da globalização.
A temática é diversa e fragmentária, traçada ao sabor da inquietude e da experimentação. Ao desenho e à pintura associa as colagens, recortes de jornais cujo enfoque adensa a presença da morte e da religiosidade, da efemeridade do tempo e, principalmente, a dor da perda.
Contrariando a pluralidade de semblantes femininos que vimos encontrando um pouco por toda obra da artista, nomeadamente em séries emblemáticas como Marias ou As Escolhidas, o rosto materno, efígie da Terra e da sabedoria popular, é aqui retratado obsessivamente.
Num ousado retorno à cor, a sua pintura reitera o figurativo feminino, cujo perfil sibilino, sussurrado por entre máscaras e flores, é evocado como um segredo.
Ainda que por vezes sonegado pela espontaneidade gestual da sua escrita ou da densidade da coloração sépia, também o plano do Sagrado é redimensionado, já não em intersecção com o profano de outros períodos da sua obra, mas com a condição humana.
Realizado no passado Verão, no seu atelier de Trás-os-Montes, o presente trabalho acusa o desassossego de quem, numa clara tentativa de subverter o natural ciclo da existência, o transpõe para as telas. Figuras reais e etéreas coexistem passivamente no mesmo plano, onde o confronto com a morte assume particular relevo.
No entanto, a impugnar o teor destes “Segredos”, 2008 haveria de se afirmar para Graça Morais, ano em que completa sessenta anos de vida, como um ano de consagração. A atribuição do seu nome a este Centro de Arte, gesto de um claro reconhecimento pela carreira e pela obra de uma artista que vem perpetuando a história e as gentes da região, representaria o momento pleno.

Comissário: Jorge da Costa
Produção: Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
                   Câmara Municipal de Bragança

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