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FILIPE MARQUES

KNIFE AND WOUND

17 Mar '18 a 17 Jun '18

 

A ideia de Homem à semelhança de Deus treme e abala-se, cai por terra, não sendo necessário recorrer ao feminino para o representar; tão quanto basta ouvir dizer que alguém é bastante humano, porque é bondoso, à semelhança de Deus. Mas será assim? A bondade será característica do Homem? E, de Deus, também? Reconhecida a crueldade desse primeiro deus, o castigador, o flagelador, até descobrir o estrondoso falhanço do Homem. Que deus feminino quando o primeiro crime de sangue envolve dois irmãos, homens, não havendo lugar para a dúvida? O Homem sentirá um temor por si próprio, um entrave ao mal que o rodeia ou interioriza; ascese em angústia como só pode ser. (…)

(…) Será esse deus feminino quem ilude Abel e Caim, sussurra ao ouvido, grita nas suas entranhas, ou, pelo contrário, os irmãos arrastam para a sua tragédia a presença do inocente para que a história possa ser contada? Não assim. Apenas o espetador contará a história, nunca o hipotético deus, nunca o assassino, nunca o assassinado.
Qual deles a terra, qual deles o fogo? Qual deles a água ou o ar? Tudo imagens violentando as metáforas, até à derradeira imagem do inevitável falhanço do Homem. A guerra relativiza-se, assim como a fome, a peste e a morte, um espetáculo sem ordem ou ocasião propícia, e sempre o erróneo em acontecer não aqui, nem agora, que isto não é connosco.
Quem mata quem será a última dúvida, o derradeiro ensinamento do mito, fazendo da certeza uma indecisão.

Curadoria: Filipe Marques e Jorge da Costa
Texto: Miguel Marques
Coprodução: Município de Bragança / Centro de Arte Contemporânea Graça Morais / OTIIMA ArtWorks