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FORA DE PORTAS: MUSEU DE PENAFIEL

10 Nov '16 a 26 Fev '17

 

A Caminhada do Medo e As Sombras do Medo titulam duas das mais recentes séries de trabalhos de Graça Morais, cuja força das imagens reside no modo como explana, através da crueza do desenho e das cores fortes do pastel, a reflexão que faz sobre uma das maiores crises humanitárias do nosso tempo.
Os seus protagonistas são as vítimas mais visíveis de uma convulsão global, são os milhares de migrantes a caminho do exílio, refugiados coagidos por forças que não têm como controlar, empurrados para o abismo, fugindo da pobreza, da repressão das guerras, da violência e da morte; homens, mulheres e crianças que tudo arriscam, inclusive a própria vida, na utopia de um destino melhor, mesmo que incerto.
As imagens de referência são reais, são as mesmas que diariamente nos assomam da televisão, dos jornais ou das redes sociais e nos dão conta desta incontrolada catástrofe humana em que parece mergulhado o mundo contemporâneo.
Sem perderem o encadeamento e as referências habituais com o seu trabalho anterior, as questões da desumanização que aqui apresenta conferem-lhe uma atualidade impressionante.
No entanto, no meio da tragédia e do caos, Graça Morais encontra alento e compaixão. Ao fatalismo das figuras e aos cenários apocalípticos contrapõe figuras heroicas, imagens de grande complacência, de esperança, visíveis na sucessão de metamorfoseadas Pietàs que, num ato de profunda abnegação, resgatam o outro da morte.
Mais do que em qualquer outra série anterior, este conjunto de trabalhos ressalta, no contexto da vasta obra de Graça Morais, como um gesto cívico, incisivo, e até de protesto, na firme recusa de uma dimensão da humanidade que pensávamos ter ficado no passado.

Curadoria: Jorge da Costa
Coprodução: Município de Penafiel / Museu Municipal de Penafiel
Município de Bragança / Centro de Arte Contemporânea Graça Morais