JOÃO LOURO
THE GREAT HOUDINI
O trabalho de João Louro (Lisboa, 1963) é destacadamente conceptual. Assume-se como um dispositivo estratégico de mediação crítica do real, explorando com alguma insistência o excesso e o poder da imagem e da palavra escrita nas sociedades ocidentais.
Considerado, por isso, um crítico “da economia simbólica que define a modernidade”, João Louro recorre muitas vezes a objectos, signos, imagens e situações da realidade, para lhe conferir novas significações, ainda que os modelos de referência de que se apropria mantenham a mesma aparência.
A convocação de elementos pré-existentes, combinados muitas vezes de forma inesperada para a criação de novas realidades, continua a constituir-se como dispositivo estruturante do seu trabalho. Por isso, as suas obras, mesmo as “blind images”, têm intrínseca, como problematização da experiência visual, uma multiplicidade de leituras e de sentidos que estão muito para além da obra física para qual o espectador é atraído.
A base da exposição que João Louro concebeu para Bragança, constituída maioritariamente por trabalhos inéditos, reside na forte ligação entre o espaço arquitectónico, concretamente o museológico, entendido como potenciador de uma linha de trabalho que convoca a arquitectura desse espaço como pele de uma outra arquitectura, que é o espaço intimista de uma casa: a casa de Curzio Malaparte. É, pois, para essa casa que se reinventa uma vivência, que entrecruza o cinema, a literatura e a própria arte.
Comissário: Jorge da Costa
Produção: Câmara Municipal de Bragança / Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
Apoio: Galeria Fernando Santos / Galeria Cristina Guerra