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OLHOS AZUIS DO MAR

09 Mar '19 a 05 Out '19

 

Em 2005, à semelhança daquilo que fizera em Cabo Verde, em 1988, Graça Morais aceita o convite para realizar em Sines, numa residência artística, uma série de trabalhos inéditos para aquela que seria a exposição inaugural do Centro de Artes da cidade.
Desta residência, realizada num atelier improvisado, na torre do castelo, resultaria um conjunto significativo de obras a grande escala, a partir das quais a artista encena e ficciona um surpreendente universo povoado de criaturas marinhas e enredos fantásticos.
A pequena comunidade de pescadores, o cais, os barcos, a lota, as gaivotas e os peixes, como as lendas e os rituais locais e, de modo excecional, a figura masculina, constituir-se-iam referentes inabituais da sua obra.
Graça Morais volta-se para o mar e apropria-se de cenas autênticas, como o regresso dos pescadores da dura faina ou as anárquicas lutas que as gaivotas travam pelo peixe. No entanto, o denominador comum centra-se, em grande parte dos trabalhos, no recurso à transfiguração do real.
No mar que Graça Morais nos traz há, por isso, homens de invulgares olhos azuis, há gaivotas que são anjos, homens que assumem feições e comportamentos de gaivotas, gaivotas que personificam atitudes e gestos humanos, capazes de desencadear cenas tão grotescas como inesperadas.
Também nos retratos que realiza, há alguns fiéis ao modelo, mas, na sua maioria, as linhas que configuram as formas humanas tornam-se quase impercetíveis e aquilo que têm de humano vemo-lo transformado numa concha, num búzio, num peixe ou em qualquer outro elemento marinho.
Ao conjunto de trabalhos aqui reunidos, associam-se ainda objetos, fotografias e alguns desenhos preparatórios que deram origem a obras como a monumental tela que encerra a exposição, onde a artista inventa, sobre um intenso fundo azul, “Uma História Trágico-marítima”.

Curadoria: Jorge da Costa
Produção: Município de Bragança / Centro de Arte Contemporânea Graça Morais