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FORA DE PORTAS: TEATRO DE ALMADA

04 a 18 Jul '16

 

A obra cenográfica de Graça Morais, realizada nos primeiros anos da década de 1990, em plena maturidade artística, desenvolve-se em soluções de monumentalidade e organiza-se em superfícies de ilusão, mantendo intactas, numa obra de grande diversidade e em permanente renovação, as questões essenciais da sua prática artística.
Graça Morais constrói desconcertantes modelos de espaço teatral, lugares reinventados na sua dimensão onírica, ambígua e simbólica onde, mais do que os espaços cenográficos, sobressaem as inesperadas personagens que os habitam, convocadas do seu singular alfabeto iconográfico.
Os três colossais painéis que executa, em 1993, para a peça Os biombos, de Jean Genet, no Teatro Experimental de Cascais, são alguns dos mais relevantes trabalhos neste contexto, realizados a convite de Carlos Avilez.
Este impressionante corpo de trabalho, uma dimensão menos conhecida da sua carreira artística, constrói-se em sucessivas relações formais e semânticas e, como a pintura e o desenho, a obra pública ou a ilustração, alicerça-se em marcas autorais muito vincadas.
Os dramas, as insidiosas questões de poder, a sexualidade e a morte, transfere-os do texto ou do palco para os cenários que concebe, onde figuras de animais, por vezes antropomorfizadas, encenam, como protagonistas, a superfície da pintura.
Os espaços cenográficos surgem, assim, abstratos, como manuscritos de uma memória ou realidade perdidas, onde as personagens parecem não ter um contexto determinado onde possam ter uma relação naturalista, onde possam realmente existir.
Graça Morais declina espaços convencionais, apresenta antes lugares, propõe composições mentais, explorando um lado profundamente metafórico e utópico, sem tempo ou lugar, onde reciprocamente se geram e sucedem ciclos de vida e de morte.
O imaginário afirma-se pela combinação de sólidas atmosferas expressionistas e abstratas, arredadas de qualquer referência espacial ou temporal mais objetiva, para se materializarem numa sucessão de não-lugares, de territórios ilusórios, onde se movimentam e confrontam inesperadas personagens, potenciando por si só uma outra narrativa, autónoma ou paralela ao texto teatral.

Curadoria: Jorge da Costa
Coordenação: Fernando Alvarez
Produção: Teatro de Almada / Centro de Arte Contemporânea Graça Morais