ZULMIRO DE CARVALHO
ESCULTURA E DESENHO
A sobriedade das formas e volumes, profundamente marcados pelo rigor ascético do conceptualismo minimalista, constituem, desde meados dos anos sessenta, estrutura basilar da prática artística de Zulmiro de Carvalho, consolidada pela herança da escola londrina, em particular as poéticas de Anthony Caro ou Philip King.
Com uma obra grandemente materializada em projetos de arte pública, o mais recente trabalho escultórico que agora se apresenta assinala o regresso do artista à exploração das potencialidades de materiais como o aço corten, mantendo simultaneamente no seu processo de criação a relação entre a materialidade dos suportes, o recurso a sistemas formais modulares e a sua produção industrial.
Na sua autonomia, a relação que as suas esculturas estabelecem com o espaço arquitetónico que ocupam, sejam uma parede, um canto ou o chão, não só desencadeia uma aparente transformação da sua geometria, na sua interceção combinatória de linhas, planos, ângulos, arestas e vértices, como enfatiza a perceção do lugar.
Refutando um ponto de vista único ou privilegiado, cada escultura deixa antever as múltiplas possibilidades relacionais ou de perspetiva que contêm em potência, denunciando, ao mesmo tempo, o modo de operacionalização, resultante de ações aparentemente tão simples como dobrar, cortar ou combinar.
A par da escultura e de alguns trabalhos em aço inox, apresenta-se ainda uma seleção de desenhos a grafite sobre papel, prática autónoma e distinta do seu trabalho escultórico e que, ao contrário deste, atesta a gestualidade e a manualidade da execução.
Comissário: Jorge da Costa
Produção: Centro de Arte Contemporânea Graça Morais | Câmara Municipal de Bragança